Por que Produto e não Projeto?
PIM-Go é o acrônimo para Product Integration Model.
Mas por que Product e não Project?
Essa foi uma das discussões mais interessantes que tivemos ao criar o PIM-Go.
Mas primeiro, vamos revisitar algumas definições.
O termo projeto é definido pelo PMBOK como “um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo”.
Já produto pode ser considerado como algo a ser oferecido ao mercado para solucionar um problema ou para satisfazer uma necessidade.
Assim, uma primeira distinção entre projeto e produto é o tempo.
“Projeto é temporário, produto possui um ciclo de vida mais permanente”.
Mas outra, menos evidente, é que a gestão tradicional de projetos encontra-se ainda muito voltada para a eficiência de execução, especialmente pela entrega dentro do escopo, prazo e custos pré-determinados. Veja por exemplo as métricas de acompanhamento usadas em PMO’s, em geral relacionadas à execução dentro do planejado.
Em contrapartida, quem trabalha com produtos direciona suas energias na solução de uma necessidade do usuário, algo ele perceba como de valor. Ainda que nesse caminho haja mudanças frequentes de escopo, prazo e custo.
“Projetos enfatizam execução, produtos a criação de valor”.
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Então qual é a melhor?
Bem, depende (a melhor resposta para qualquer pergunta complexa…).
Se a iniciativa é totalmente previsível, praticamente não possui incertezas e as equipes conhecem exatamente o que farão, ou seja, quase 100% preditivo, nada melhor do que focar na execução.
Contudo, esse contexto é cada vez mais raro hoje. Empresas estão constantemente em busca de inovação, em um mundo competitivo denominado VUCA (Volatile, Uncertain, Complex e Ambiguous).
Veja como exemplo a indústria automotiva.
Construir um carro poderia ser considerado conhecido e previsível, muito mais preditivo que a indústria de software, certo?
Não para a Tesla.
Seu valor de mercado em janeiro de 2020 superou o da Volkswagen e já é maior que ao da Ford e GM juntas. E como visto no recente artigo da Harvard Business Review, “How Tesla Sets Itself Apart”, um dos diferenciais da empresa está em desenvolver carros como se faz software. E fazer software está intrinsicamente relacionado a uma mentalidade de mudança e busca de valor ao usuário, o berço do mundo ágil.
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De volta à discussão no PIM-Go
No PIM-Go, optou-se por trabalhar com o conceito de produto. Exatamente para enfatizar a importância de buscar atender à necessidade do usuário, um alvo móvel. E por esse motivo PIM é o acrônimo para Product Integration Model.
Isso quer dizer os times nunca trabalham em iniciativas temporárias e que não se busca eficiência na execução?
De forma alguma.
Isso significa que usar o conceito de projeto é equivocado?
Sem dúvida que não.
Mas significa reconhecer que projetos bem sucedidos em termos de eficiência (entrega dentro do escopo, prazo e custo planejados) podem também falhar miseravelmente em termos de solução do problema.
Significa que os processos de mudança no PIM-Go foram construídos para serem leves e práticos, de forma a endereçar o que acontece no mundo real.
E também que o papel do gerente de projetos em um ambiente híbrido voltado a produto passa a ser mais complexo. Se por um lado continuam sendo necessários os conhecimentos de gestão de projetos para, por exemplo, a elaboração de uma boa EAP, por outro também será necessário conhecer o domínio de negócio para atuar como um interlocutor com os stakeholders, como um Product Owner.
Nos modelos do PIM-Go utilizamos insistentemente o termo Produto e Iniciativa, não para esquecer que projetos também existem, mas para incentivar a mudança de mentalidade para valor, e não somente eficiência.
Nesse sentido, existem dois modelos:
1. PIM-Go Ágil, voltado para ambientes com alto grau de mudanças;
2. PIM-Go Híbrido, voltado para contextos mais preditivos.
Todos suportados por canvas e templates gratuitos que facilitam a busca por valor.
Então, se no call da sua empresa os termos Produto ou Projeto forem usados indistintamente, pode ser a oportunidade de uma interessante discussão a ser feita. E qualquer que seja o resultado, o importante é que estaremos todos um passo mais próximo de soluções de valor para nossos usuários e clientes.
Um caloroso abraço.
Alvaro Junqueira e Igor Lagreca (co-autores do PIM-Go)